A generosidade do leite de borrego alentejano prova-se, à boa mesa, com o perfume e aroma distintos do queijo com a assinatura, Monte do Ganhão. O queijo é um dos produtos de grande relevância na economia do concelho de Sousel, onde também ganham expressão as carnes de borrego e porco, o vinho, o pão, o mel, os bolos e doces, os enchidos e o azeite.
A recente medalha de prata atribuída no Concurso Nacional de Queijos Tradicionais Portugueses com nome qualificado, colocam o Queijo do Monte do Ganhão num patamar cimeiro. Tudo acontece em Sousel, onde a empresa dispõe de toda a estrutura necessária para dar forma e sabor aos afamados queijos.
Os últimos tempos têm sublinhado a importância dos produtos do nosso concelho. A este, outros casos de sucesso se juntam, dando a conhecer o que de melhor se faz em Sousel. E, se assim continuar, ganham os produtores e ganha Sousel.
38 Anos de história
O início da queijaria remonta ao ano de 1975 no seio da família Ganhão. Começaram por fazer queijos de vaca para vender aos vizinhos e às pessoas mais próximas. Mais tarde, quando o filho António Ganhão casou, os queijos tornaram-se num verdadeiro negócio, já com queijos de ovelha, negócio esse que foi crescendo ao longo dos anos.
As filhas, Célia e Dulce Ganhão, são agora os rostos desta empresa. Sabem fazer um pouco de tudo, desde a recolha do leite até à produção do queijo e dedicam-se à queijaria 365 dias por ano. Em entrevista ao Notícias de Sousel, Dulce Ganhão revelou-nos alguns pormenores deste negócio familiar.
Neste momento, trabalham na Queijaria Monte do ganhão 14 funcionários, incluindo as duas proprietárias. Ao serviço estão também as cerca de 2000 ovelhas que, divididas em grupos, fornecem o leite durante todo o ano. Nos meses de março e maio, outubro e novembro são feitos cerca de 5000 queijos diários. Nos restantes meses do ano, a queijaria produz em média, cerca de 3000 queijos por dia.
Queijo nosso de cada dia…
Os pequenos queijos dourados são distribuídos a nível nacional e internacional. “Exportamos para Macau, França, Luxemburgo e Ca-
nadá”. Mas a carteira de clientes continua a aumentar: “assinámos recentemente mais um contrato com uma rede de supermercados. Mas, nesta parte comercial, enfrentamos alguns problemas, entre eles, a concorrência desleal. Nós queremos garantir a qualidade do nosso produto e não usamos aditivos nem fermentos”.
“A crise afectou-nos bastante. Desde há quatro anos que lentamente, temos reduzido a produção. Mas contamos com o apoio da QUALI-
FICA, ADRAL e da Confraria Gastronómica de Sousel. A Confraria tem sido o nosso braço direito, não só em termos de contactos mas também em termos de oportunidade de dar a conhecer o nosso produto a públicos diferentes. Podemos dizer que este ano, portanto, desde a altura em que entrámos para a Confraria, tivemos uma melhoria e tem sido, sem dúvida, melhor que o ano passado”.
O Monte do Ganhão produz “queijo de meia cura, queijo curado três meses e queijo reserva (com maturação superior a 8 meses), o Queijo D.O.P. (Denominação de Origem Protegida), o que significa que este queijo faz parte de um grupo de 16 concelhos portugueses certificados pela União Europeia e caracteriza-se por ser um pouco picante e escurecer ao longo do tempo quando em contacto com o ar”.
Medalha de prata no Concurso Nacional de Queijos Tradicionais
Foi o Queijo de Évora D.O.P. ganhou a medalha de prata no Concurso Nacional de Queijos Tradicionais Portugueses com nome qualificado.
Concorremos só com um, pela primeira vez, e trouxemos um prémio para casa. Se foi uma surpresa? Modéstia à parte, nós sabemos o que fazemos e conhecemos o produto, portanto, sabíamos à partida que tinha hipótese de se distinguir entre os demais participantes. Este prémio foi bom mas nós queremos mais e vamos trabalhar para a medalha de ouro.
As Feiras e eventos gastronómicos nos quais participam são uma mais-valia para a empresa, “damos a conhecer o produto através de provas, degustação e tem sido muito bem aceite. Durante as nossas provas, costumamos adicionar ao nosso queijo outros ingredientes como o pão da Padaria Boavista (Cano), o Mel Multifloral (Santo Amaro), o Azeite Flor da Galega (Casa Branca), as Bolachinhas de Sousel, os enchidos da Montanheira (Sousel) e orégãos apanhados da Serra de São Miguel.”
A presença nas feiras também se mostrou positiva para outros produtores do concelho que se associaram à Queijaria Monte do Ganhão e que, através da mesma, expõem e comercializam produtos como enchidos, pão, mel e azeite, bolachas, entre outros. Neste momento a queijaria está em Lisboa a participar na Rotary Internacional, na FIL, em Lisboa.
O segredo do sucesso…
“Por vezes não é fácil trabalhar em família, mas até agora temos conseguido gerir bem as nossas relações e tudo tem corrido pelo melhor. Em certos aspetos é bom porque temos mais confiança uma com a outra e isso facilita muito.
O segredo? A dedicação e amor. Quando gostamos verdadeiramente daquilo que fazemos, o trabalho desenvolve-se de outra maneira.”